O que antes era sinônimo de segurança hídrica para a população de São João do Sabugi, hoje se transforma em sinal de alerta. A redução acelerada do volume de água no açude público do município preocupa autoridades e moradores.
Em abril de 2024, o reservatório registrava 17,09% da sua capacidade, o equivalente a 10,57 hm³. Um ano depois, esse volume caiu drasticamente para 5,98%, representando apenas 3,70 hm³. A situação é ainda mais crítica quando comparada ao estudo da Agência Nacional de Águas (ANA), realizado em 2014, que definiu como volume mínimo para garantir o abastecimento humano por dois anos o patamar de 24 hm³, em cenário de ausência total de chuvas e sem considerar o volume morto.
O volume morto do açude Sabugi estimado pelo mesmo estudo é de 4,1 hm³ e já foi ultrapassado negativamente, sinalizando que, mantido esse ritmo de queda, o abastecimento de água poderá ser interrompido em breve, afetando diretamente a cidade de São João do Sabugi.
Além da evapo-transpiração natural, outro fator que contribui significativamente para a perda de água é a abertura constante da comporta do açude. Mesmo sem a devida infraestrutura de canais para direcionamento da água, a vazão tem sido mantida, desperdiçando grande parte do recurso hídrico, que não chega sequer a comunidades como por exemplo a Vila da Barra (Cachos), beneficiando apenas poucos empreendimentos privados anteriores. Até o momento, não se conhece a justificativa técnica para manter a comporta aberta diante de um volume tão crítico.
A operação da comporta está sob responsabilidade de um comitê gestor composto por representantes dos poderes públicos de São João do Sabugi e Caicó, DNOCS, CAERN, SEMARH-RN, STRAF, EMATER, IGARN, ADESE, CBH-PPA, associações do perímetro irrigado Sabugi e comunidades rurais da região. Este comitê possui poder deliberativo e pode decidir, por maioria, pelo fechamento da comporta.
Diante da baixa recarga hídrica observada em 2025 e da aproximação do volume morto, resta saber se haverá ação imediata por parte das autoridades e do comitê para preservar o que ainda resta no açude Sabugi e garantir o abastecimento da população.