Desde as eleições de 2018, o Brasil tem vivido um cenário de intensa polarização política, e o Rio Grande do Norte não ficou de fora dessa dinâmica. Nesse contexto, a senadora Zenaide Maia (PSD), eleita com o apoio da governadora Fátima Bezerra (PT) — principal liderança da esquerda no estado —, esteve recentemente em Serra Negra do Norte-RN. A reunião contou com a presença do vice-prefeito Gugu (MDB) e de alguns aliados de São João do Sabugi, levantando especulações sobre possíveis alianças para as eleições de 2026.
O movimento chama atenção, sobretudo porque o prefeito Aníbal Pereira mantém laços políticos sólidos com Styvenson Valentim (PSDB), atual senador e pré-candidato à reeleição, além de ser um aliado de longa data do ex-deputado e ex-prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), outro nome de peso na disputa pelo Senado. Ambos são figuras influentes na direita potiguar, e uma eventual aliança pode consolidar um bloco político forte no estado para 2026.
Por outro lado, o grupo do MDB em São João do Sabugi, embora tenha apoiado Fátima Bezerra e seu vice Walter Alves (MDB) em 2022, criticava duramente adversários sabugienses por suas ligações com o PT e a esquerda no último pleito municipal. Esse posicionamento sugeria uma aproximação com o senador Rogério Marinho (PL), que pleiteia o governo estadual e lidera um dos principais grupos da direita no Rio Grande do Norte.
No entanto, o cenário político local sofreu mudanças significativas. A gestão do MDB no município já não conta com os recursos viabilizados pela ex-vereadora Cida Julião (PT), que, apesar de fazer oposição ao prefeito Aníbal, era a principal interlocutora da esquerda no município. Foi ela quem articulou a captação de milhões de reais para o município por meio de emendas e projetos junto aos parlamentares Jean Paul Prates, Zenaide Maia e Fátima Bezerra.
Diante desse novo contexto, a reaproximação do grupo governista de São João do Sabugi com a esquerda potiguar parece ser uma estratégia pragmática, motivada pela busca por mais investimentos para o município. Apesar do histórico de divergências políticas nos últimos anos, o acesso a recursos e apoio institucional pode ter se tornado um fator determinante nessa mudança de posicionamento.